Sou vírgula, que quer ser aspas.
Que queres o querer de querer crer.
Crer em si própria, vírgula, que não sou aspas, "entre aspas".
A vírgula não dá um fim, como o ponto final, deixa pausar e prosseguir.
Sou aquilo que quero saber. E quem sabe ponto de interrogação eu vou ser?
Para assim me tornar uma incógnita, me tornar mistério, dissimular o meu próprio ser de eu querer ser "aspas".
E nas noites de solidão, enfim, serei travessão:
- GRITAREI, que gritei...
Serei reticências...
Para viver como tiver que viver.
Mas afinal de contas, em um silêncio, quantos gritos posso ser?
E então me torno dúvida.
E então me torno segredo.
Até o dia que ponto final eu hei de ser.
E assim, não querer ser mais aspas, pois enfim a vida terá finalmente, fim.
Adeus.