sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Ela não toma café da manhã quando acorda.

Criou uma certa apatia por desjejuns desgovernados, xícaras de café frio e pães com manteiga. Não gosta do frio, mas não procura se aquecer. Parece fascista, ultrapassou o narcisismo, mas ainda tem suas más contenções, exibida. Acende cigarros só pra vê-los apagar com poucas tragadas, diz ela que quer parar de fumar. E eu só rio. Então a olho de novo. Ela não gosta de almoços, mas não dispensa qualquer comida fria. Não gosta de nada muito quente, mas não se congela. Diz que de amor ela vive farta, que já não a fascina, mas toda noite a vejo olhar a lua, toda cálida. Alguns dizem que é sonhadora, outrem já diz-lhe incapaz, deslúcida, descrente. Não vai a igreja, não reza pra santo nenhum, não glorifica nem a si mesma, nem ao copo sujo que esquece de lavar, nem a nova dose de qualquer uísque. Diz que é miúda, abraça de forma engraçada, certifica-se de que o mundo parou pra ela poder atravessar pra próxima calçada. Diz ela que dorme cedo, mas eu sei que os olhos fitam o escuro abertos. Diz ela que não sente mais, vive só. E tem um gato, hilário, se chama Gold. Diz ela que ele brilha. Eu duvido que seja mais que os olhos dela.

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